quarta-feira, 14 de março de 2012

A Verdade sobre os Sacerdotes

Que haja coragem para difundir o que fazem de bom os verdadeiros sacerdotes

Carta de um SACERDOTE CATÓLICO AO NEW YORK TIMES.

Querido irmão jornalista:

Sou um simples sacerdote católico. Me sinto feliz e orgulhoso de minha vocação. Faz vinte anos que vivo em Angola como missionário.

Vejo em muitos meios de comunicação, principalmente em vosso jornal a ampliação do tema de forma mórbida, investigando, em detalhes a vida de algum sacerdote pedófilo. Assim aparece um de uma cidade dos Estados Unidos, da década de 70, outro na Austrália, lá pelos anos 80 e assim, sucessivamente, outros casos recentes... Certamente tudo é condenável! Se veem alguns artigos em periódicos ponderados e equilibrados, outros amplificados, cheios de preconceitos e até de ódio.

Me dá uma grande dor pelo mal que pessoas que deveriam ser sinais do amor de Deus, sejam um punhal na vida de inocentes. Não existe palavra que justifique tais atos. Não há dúvida de que a Igreja não pode estar senão do lado dos fracos, dos mais indefesos. Portanto, todas as medidas que forem tomadas para proteção e prevenção da dignidade das crianças e dos jovens será sempre uma prioridade absoluta.

Porém, é curioso as poucas notícias e desinteresse por milhares e milhares de sacerdotes que se consomem por milhões de crianças, por adolescentes, pelos desfavorecidos nos quatro cantos do mundo. Penso que o vosso meio de comunicação não se interessa que eu tenha que transportar, por caminhos minados, em 2002, a muitas crianças desnutridas de Cangumbe e Lwena ( Angola ), pois nem o governo se dispunha e as ONG’s não estavam autorizadas; que eu tenha enterrado dezenas de pequenos falecidos como consequência da guerra e os que dela retornaram; que tenhamos salvo a vida de milhares de pessoas em Moxico1 num único posto médico em 90.000 km2, assim como tenha proporcionado distribuição de alimentos e de sementes. Que tenhamos dado oportunidade de educação, nestes últimos 10 anos e escolas a mais de 110.000 crianças...

Não é do interesse que com outros sacerdotes tenhamos atendido em socorro a cerca de 15.000 pessoas nos campos de refugiados de guerrilheiros, depois de sua rendição, porque não chegavam os alimentos do Governo e da ONU. Não é notícia que um sacerdote de 75 anos, o Pe. Roberto, à noite percorra as cidades de Luanda, recolhendo meninos de rua, levando-os a uma casa de acolhida, para que se desintoxiquem da gasolina ou que alfabetizem centenas de presos. Que outros sacerdotes como Pe. Stéfano, tenham casas de passagem para meninos que são maltratados e até violentados e buscam refúgio.

Tão pouco que FRAY Maiato, com seus 80 anos, passe de casa em casa confortando os enfermos e os sem esperança. Não é notícia que mais de 60.000 de 400.000 sacerdotes tenham deixados seus países e suas famílias para servir a seus irmãos em campos de refugiados, orfanatos para meninos acusados de feiticeiros e órfãos de pais que faleceram em decorrência da AIDS, em escolas para os mais pobres, em centros de formação profissional, em centros de atendimento a soropositivos... e, principalmente em paróquias e missões dando a estas pessoas para uma razão de viver e de amar.

Não é notícia que meu amigo, o Pe. Marcos Aurélio, por salvar alguns jovens durante a guerra, e os tenha transportado de Kalulo a Dondo, voltando a base de sua Missão tenha sido metralhado no caminho; que o irmão Francisco, com 5 senhoras catequistas, por ter ido ajudar nas áreas rurais mais afastadas tenham morrido em um acidente na rua; que dezenas de missionários em Angola tenham morrido por falta de socorro sanitário, em decorrência de uma simples malária; que outros tenham voado pelos ares, por causa de uma mina, quando visitavam os moradores.

No cemitério de Kalulo estão as sepulturas dos primeiros sacerdotes que chegaram à região... Nenhum deles com mais de 40 anos!

Não é notícia acompanhar a vida de um Sacerdote “normal” em seu dia a dia, com suas dificuldades e alegrias, doando sua vida pela comunidade a que serve.

Verdade é que não procuramos ser notícia mas, simplesmente, levar a Boa Nova, esta notícia que sem ruído começou na noite da Ressurreição. Há mais ruído por uma árvore que é derrubada em uma mata e que volta a crescer.

Não pretendo fazer uma apologia da Igreja nem tão pouco dos sacerdotes. O sacerdote nem é um herói nem tão pouco um neurótico. É um simples homem que, com sua humanidade busca seguir Jesus e servir seus irmãos. Tem misérias, pobrezas e fragilidades como há em todo ser humano; mas também beleza e bondade como em cada criatura...

Insistir de forma obsessiva e persecutória ( perseguidora ) em um tema, perdendo a visão de conjunto, cria, na verdade caricaturas ofensivas do sacerdócio católico, na qual me sinto ofendido.

Só lhe peço, amigo jornalista, que busque a Verdade, o Bem e a Beleza.

Isto o fará nobre em sua profissão !

Em Cristo,

P. Martín Lasarte sdb

“Meu pasado, Senhor, confio à Tua Misericórdia; Meu presente ao Teu Amor; Meu futuro à Tua Providência” .


Fonte: José Tavárez es filósofo, psicólogo y profesor universitario. http://www.josetavarez.net http://www.filosicologia.blogspot.com/ (809) 399-1518

1 - Moxico: Província do sudeste de Angola com uma área total de 223 023 km² e uma população de 224.000 habitantes. Pernambuco tem uma área de 98. 311 km2, portanto um pouco maior que Moxico. Imagine um único posto médico em toda esta extensão !

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