quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Padre Responde - Não Cumprir uma Promessa é Pecado?


Pergunta: Boa tarde! Sr Pe. sou Católica devota de Nossa Senhora e de São Jorge, fiz uma promessa em 04/07 de passar 6 meses sem comer chocolate, mas tá muito difícil pra mim. Gostaria de saber se tem algum problema se eu quebrar essa promessa que fiz a Deus!



Caríssimos leitores,

A questão que foi apresentada se refere à virtude da religião, virtude essa que nos inclina a dar a Deus o culto devido como o princípio primeiro de todas as coisas. É uma virtude muito importante porque o seu objeto consiste no culto a Deus.

Os atos da virtude da religião são internos e externos.

Os atos internos são: a devoção e a oração.

Os atos externos principais são: a adoração, o sacrifício e os votos (a pergunta apresentada toca exatamente este ponto).

A DEVOÇÃO - consiste na prontidão da vontade em dar-se às coisas que se referem ao serviço de Deus, por isto aqueles que, de algum modo, se dedicam a Deus e permanecem completamente sujeitos a Ele são chamados devotos. A característica essencial da devoção é a prontidão de vontade sempre disposta a dar-se às coisas que se referem ao serviço de Deus.


Como ato de religião, a devoção é sempre dirigida a Deus e não às suas criaturas. Por isto, a devoção aos santos não deveria parar neles, mas deveria passar, através deles, a Deus. Veneramos nos santos o que eles têm de Deus, ou seja, veneramos Deus neles. Disto resulta evidente o erro daquelas pessoas que ligam a sua devoção não somente a um santo particular como fim em si mesmo, mas também a qualquer imagem particular de um santo sem a qual não teriam devoção alguma.

A causa principal extrínseca da devoção é Deus; que chama aqueles que Ele quer e acende nos seus corações o fogo da devoção.

A causa intrínseca consiste na meditação sobre bondade divina e sobre seus benefícios recebidos de Deus, juntamente com a consideração da nossa miséria que nos impulsiona a submetermo-nos completamente a Deus.

O efeito próprio da devoção é encher a alma de alegria espiritual. Servir a Deus é ser feliz.

A ORAÇÃO – é o segundo ato interior da virtude de religião. Por esta ação nos dirigimos a Deus. É de suma importância na vida espiritual. Convém recordar que a oração, muito mais que falar para Deus, significa, sobretudo ESCUTAR Deus.

A ADORAÇÃO – é um ato externo da virtude de religião com o qual exprimimos a honra e a reverência devidas a excelência divina. A adoração externa é uma superabundância da adoração interior, que vem primeiro; sem a atitude interior é impossível que exista a atitude exterior. A adoração externa serve ao mesmo tempo para estimular e conservar a adoração interior.

Como Deus está em toda parte, podemos adorá-lo seja internamente, seja externamente, em todo lugar, mesmo se o seu lugar próprio seja o templo, porque ali Ele se faz presente em modo particular.

A atmosfera própria de uma Igreja ou capela ajuda a distanciar-se do barulho e das distrações do mundo, e os objetos sagrados, ali conservados, servem para suscitar a devoção, como também a presença de outros adoradores nutre o espírito de adoração.

O SACRIFÍCIO – é o ato principal da adoração externa e pública a Deus. Consiste na oferta externa de algo sensível; o qual será destinado para a honra de Deus, como testemunho do seu domínio e da nossa completa submissão a Ele.

UM VOTO – é uma promessa livre e deliberada feita a Deus de qualquer bem possível. Quando se faz em condições justas é um excelente ato de religião, que aumenta o mérito das nossas boas obras, orientando-nos para a adoração e para a honra de Deus. Por esse motivo, a transgressão voluntária de um voto é um pecado contra a religião.

Quem faz uma promessa se compromete de fazer ou omitir algo por Deus; assim o compromisso da promessa é assumido como um ato de adoração. Contribui para que a pessoa cresça no caminho da perfeição. O conteúdo da promessa deve ser possível de ser cumprido física e moralmente; o contrário seria uma falta de racionalidade impensável em um ato dirigido em honra a Deus, no seguimento de Cristo e na própria santificação. Não se pode prometer a Deus algo ruim; a reverência a Deus sugere que lhe seja prometido o melhor.

Uma vez a promessa feita, esta deve ser cumprida. Quando uma pessoa, depois de ter feito a promessa, encontra dificuldade para cumpri-la, seria recomendável que ela procurasse um padre em confissão e expusesse a situação; este irá suspender a obrigação e colocar outra que fosse possível para a pessoa o cumprimento.

Pe. Cícero

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito do que o senhor explicou mas ainda tenho muitas duvidas porque eu fiz várias promessas em pensamento que estão muito complicadas para serem pagas e estou com muitas duvidas como se promessas feitas em pensamentos são validas? porque eu tenho um problema com isso eu não consigo controlar meus pensamentos e acabo fazendo um monte de promessas inaceitáveis fazendo com que deixe de comer, de vestir roupas de determinada cor, deixe de usar objetos como cadernos e canetas e isso me prejudica porque estudo e quando não cumpro alguma dessas promessas eu entro em desespero sem saber o que fazer eu não sei se tenho TOC mas isso está me incomodando muito fazendo com que eu perca horas do dia só pensando nessas promessas. Já pensei em até promessas para espíritos mas é porque eu não consigo controlar e tenho muito medo de quebrar promessas desse tipo. Me ajude padre por favor me de uma solução para acabar com esse problema e desfazer essas promessas.
Obrigada

Anônimo disse...

Antonio me da seu email queria falar com vc sobre isso.

Anônimo disse...

Olá,

Gostei muito do post.
Eu também sofro de Transtorno Obsessivo-Compulsivo e, infelizmente, isso afeta-me muito a nível religioso.

Acredito em Deus, rezo, leio a Biblia e tento cumprir os ensinamentos de Jesus Cristo. No entanto, a minha cabeça é assaltada por pensamentos ofensivos em relação a Deus, pensamentos esses que eu não controlo e que me deixam numa ansiedade terrível! Nomeadamente, temo muito o castigo divino. Para atenuar a ansiedade gerada por esses pensamentos monstruosos, eu acabo por fazer pequenas promessas... Ao fim de um certo tempo as promessas já são tantas que eu já não sei oq ue estou a cumprir e o que não. Resultado: mais e mais ansiedade e temor!

Viver assim é angustiante e terrível. Sinto que nunca estou a fazer o que é certo e que a qualquer momento corro o risco de sofrer um castigo.