sábado, 31 de março de 2012

Padre Responde - A Cobrança de Taxas na Igreja


Pergunta: Padre Cícero, eu fui coroinha e catequista aí na Paróquia Sagrado Coração de Jesus. Uma vez me perguntaram por que a Igreja cobra uma taxa, digamos assim, para que uma pessoa possa receber o Batismo. Eu não soube responder e também fiquei na dúvida. Porque cobrar para que a pessoa receba o sinal sensível instituído por Cristo de forma gratuita a fim de produzir a graça em nós? Sem falar que é um Sacramento que nos inicia na vida cristã. O mesmo para o sacramento do matrimônio.

A paz de Cristo esteja convosco.


Caríssimo visitante do nosso site, você faz uma interessante observação. Para responder à sua pergunta, primeiro devemos dizer que os Sacramentos, de fato, não têm preço. Jamais uma pessoa poderia perguntar assim: quanto custa uma Missa? Quanto custa o Batismo? A Missa possui um valor infinito, assim como os outros Sacramentos. Não há dinheiro na terra que os possa pagar; exatamente porque são ação do próprio Cristo. Ele continua no meio de nós (Conforme a promessa que Ele mesmo fez em Mt 28,20: “Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”), continua curando, perdoando os pecados, comunicando a salvação; tudo isso através da obra da Igreja (os Sacramentos).

O comércio de coisas sagradas nós chamamos de SIMONIA. A lei da Igreja é clara quanto a este ponto. A nenhum fiel pode ser negado o sacramento pelo fato de ele não poder oferecer as taxas estipuladas pela autoridade eclesiástica.
Mas, por qual motivo existe esta prática de pedir a oferta de um valor antes da administração de um sacramento? Vejamos bem, a Igreja não é uma empresa com fins lucrativos; porém ela, como qualquer outra instituição, possui suas necessidades de manutenção (pensemos em conservação de estrutura, pessoas que trabalham nela, investimento na obra de evangelização, manutenção do culto, manutenção do sacerdote que serve na paróquia). Aonde a Igreja poderá buscar os meios para manter tal estrutura necessária?

Houve um tempo, no período do Império, em que era o governo que se encarregava de retirar dos impostos cobrados uma quantia para garantir estas despesas da Igreja. Quando entrou a Republica em nosso País, houve a separação entre Igreja e Estado, consequentemente a Igreja ficou sem a ajuda que vinha do próprio Estado.
Foi a partir daquele momento que a Igreja passou a estabelecer a exigência de uma oferta antes da administração de um Sacramento. Como antes as despesas do culto eram cobertas pelo valor que o Estado repassava, então a Igreja não procurou organizar o dízimo, o qual, em certo sentido tinha a ver com este valor que o Estado cuidava de repassar. A exigência destas taxas surge por causa desta necessidade.
Acredito que pude esclarecer sua dúvida neste ponto. Espero que tenha ficado claro de que não se trata de cobrar pela administração dos Sacramentos, mas de solicitar dos fiéis a responsabilidade que todos temos de manter a obra da Igreja.

Aqui convém fazer um aceno quanto ao DÍZIMO. Este conceito significa a décima parte. É uma exigência da Sagrada Escritura. Não é um imposto a ser cobrado; trata-se de um ato de fé, de gratidão, de responsabilidade para com a Igreja. A pessoa que oferece o dízimo, o faz porque tem consciência que tudo nós recebemos de Deus, e como ato de gratidão, retira um pouco do que recebeu e oferece a Deus para colaborar com sua obra.
 
Biblicamente se fala da décima parte; contudo, na Igreja católica, não se exige estritamente este percentual. Cada um, conforme sua consciência, deve procurar colaborar com aquilo que é possível, visto que todo fiel é responsável pela manutenção das necessidades da Igreja. É um ato de fé, de gratidão e de responsabilidade.

Espero que não demore muito o dia quando todos tiverem tomado consciência desta responsabilidade, e então a Igreja não necessitará mais colocar estas taxas para a administração dos sacramentos.

Que o Senhor lhe abençoe!

Um comentário:

Luanda disse...

Padre,
sua benção!!
è exatamente isto o que falo quando alguém reclama destas taxas.Se todos os católicos - paroquianos fossem fieis com o dízimo,com certeza não pagaríamos por nada. Católicos, tenhamos consciência de nossas responsabilidades. Luanda