terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Palavra de Vida - Fevereiro 2013



Sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. (1Jo 3, 14)

Apóstolo João escreve às comunidades cristãs por ele fundadas, num momento em que passavam por sérias dificuldades.
Chiara Lubich - fundadora do Focolares

De fato, começavam a insinuar-se as heresias e as falsas doutrinas em matéria de fé e de moral e, além do mais, os cristãos tinham de viver num ambiente pagão, duro e hostil ao espírito do Evangelho.

Querendo ajudá-las, o apóstolo lhes indica o remédio radical: amar os irmãos, viver o mandamento do amor recebido desde o início, no qual ele considera resumidos todos os mandamentos.

Agindo assim, os cristãos conhecerão o que é “a vida”, isto é, serão introduzidos cada vez mais na união com Deus, farão a experiência de Deus Amor. Passando por essa experiência, serão confirmados na fé e poderão enfrentar todos os ataques, sobretudo em tempos de crise.

Sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos.

“Sabemos...” O apóstolo se refere a um conhecimento que vem da experiência. É como se dissesse: nós experimentamos isso, nós o tocamos com as mãos. É a experiência que fizeram os cristãos por ele evangelizados, quando se converteram; ou seja: quando se colocam em prática os mandamentos de Deus, em particular o mandamento do amor para com os irmãos, se entra na própria vida de Deus.
 
Mas será que os cristãos de hoje conhecem essa experiência? Certamente eles sabem que os mandamentos do Senhor tem uma finalidade prática. Jesus insiste continuamente que não basta ouvir, mas é preciso colocar em prática a palavra de Deus (cf. Mt 5, 19; 7, 21.24.26).

Por outro lado, o que não é ponto pacífico para a maior parte dos cristãos – ou por não saberem ou por terem disso um conhecimento meramente teórico, isto é, sem tê-lo experimentado – é esse aspecto maravilhoso da vida cristã, evidenciado aqui pelo apóstolo. Isto é: quando nós vivemos o mandamento do amor, Deus toma posse do nosso ser; e o sinal inconfundível disso é aquela vida, aquela paz, aquela alegria que Ele nos fez saborear já aqui na Terra.

Então, tudo se ilumina, tudo se torna harmonioso. Não existe mais separação entre a fé e a vida. A fé torna-se aquela força que permeia e liga entre si todas as nossas ações.

Sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos.

Essa palavra de vida nos diz que o amor ao próximo é o caminho régio que nos leva a Deus.

Visto que somos todos filhos seus, nada Ele deseja mais do que o nosso amor aos irmãos. Não lhe podemos dar maior alegria do que aquela que lhe damos quando amamos nossos irmãos.

E, uma vez que o amor fraterno nos traz a união com Deus, ele é uma nascente inesgotável de luz interior, é fonte de vida, de fecundidade espiritual, de renovação contínua. Ele impede que no povo cristão se formem gangrenas, escleroses, estancamentos; numa palavra ele “nos faz passar da morte para a vida”. Quando, pelo contrário, não existe a caridade, tudo murcha e morre. Então, se compreendem certos sintomas tão difundidos no mundo em que vivemos: a falta de entusiasmo e de ideias, a mediocridade, o tédio, o desejo de fugir, a perda de valores, etc.

Sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos.

Os irmãos, aos quais se refere aqui o apóstolo, são, sobretudo, os membros da comunidade a que pertencemos. Se é verdade que devemos amar a todas as pessoas, não é menos verdade que esse nosso amor deve começar por aqueles que habitualmente vivem conosco, para depois se entender a toda humanidade.

Devemos, portanto, preocupar-nos primeiramente com os nossos familiares, os nossos colegas de trabalho, os membros da paróquia, da associação ou comunidade religiosa a qual pertencemos. O amor aos irmãos não seria autêntico e bem ordenado se não começasse por aqui. Onde quer que estejamos, somos chamados a construir a família dos filhos de Deus.

Sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos.

Esta palavra de vida nos abre perspectivas imensas. Ela nos impulsiona na divida aventura do amor cristão, que tem desdobramentos imprevisíveis. Antes de tudo nos lembra que, num mundo como o nosso, onde se teoriza a luta, a lei do mais forte, do mais esperto, do mais inescrupuloso, e onde às vezes tudo parece paralisado pelo materialismo e pelo egoísmo, a resposta a ser dada é o amor ao próximo.

É esse o remédio que pode curar o mundo. De fato, quando vivemos o mandamento do amor, não só a nossa vida se fortalece, mas tudo ao nosso redor sente a influência. É como uma onda de calor divino, que se irradia e se propaga, impregnando as relações entre as pessoas e entre os grupos, transformando aos poucos a sociedade.

Sendo assim, vamos decidir-nos! Todos nós temos e teremos sempre irmãos a serem amados em nome de Jesus. Permaneçamos fiéis a esse amor. Ajudemos muitos outros a fazer o mesmo. Assim, experimentaremos em nossa alma o que significa união com Deus. A nossa fé se reacenderá, as dúvidas desaparecerão, não saberemos mais o que é o tédio. A vida será plena, plena.

Sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos.

Texto de: Chiara Lubich, escrito em 1985/8

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