segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Padre Responde - Os gestos na Santa Missa



Pergunta: Gostaria de saber porque quando os acólitos ou o padre passam pelo altar mesmo de costas para o sacrário eles fazem aquele gesto de inclinar a cabeça em direção ao altar e não em direção ao sacrário.

Pergunta: Padre, Paz e bem!
No meu Catecismo, ainda em criança, eu aprendi que devemos reverenciar sempre a Santíssima Trindade sempre que ela for pronunciada em qualquer momento da Santa Missa ou fora Dela com gestos do tipo: ajoelhar-se ou ao menos abaixar a cabeça; aprendi também que se nós estamos na Missa e o Sacrário for aberto nós também devemos reverenciá-lo com esses mesmos gestos; e ainda que se possível tenhamos as mãos justas em todas as orações ditas durante a Santa Missa, salvo naquelas em devemos receber as graças pedidas ao Pai pelo nosso pároco. Isso foi o que aprendi. Minha pergunta é: esses atos de reverência são inapropriados aos leigos? Essas reverências só os Ministros Ordinários ou os Extraordinários podem fazê-las?
Essas minhas dúvidas se referem ao fato de observar que pouco ou quase ninguém o faz e que se por acaso eu estiver fazendo algo inapropriado quero ser corrigida. Obrigada pelos futuros esclarecimentos.

Caríssimo leitor,

Como estas duas perguntas parecem tratar de questões semelhantes, as colocamos juntas e daremos a elas uma só resposta. Sobre os gestos e atitudes corporais, a Introdução Geral ao Missal Romano diz que visam conseguir que toda a celebração brilhe pela beleza e nobre simplicidade.

Estes gestos devem ser expressão de que há uma verdadeira compreensão de cada parte da celebração; são expressão dos sentimentos e atitude interior dos presentes e, ao mesmo tempo, devem favorecer também os sentimentos e atitudes interiores. Eles devem também facilitar a participação de todos.

Segundo as normas da disciplina eclesiástica, os gestos devem concorrer para o bem espiritual do povo de Deus e não devem depender da inclinação ou desejo individuais; coisa que poderia perturbar a ordem da liturgia. Para que tal finalidade seja alcançada, devemos nos apoiar nas leis litúrgicas e na tradição do Rito Romano.

As indicações litúrgicas orientam que os gestos e atitudes devem ser sinal de unidade da comunidade cristã. Ou seja, os gestos e atitudes indicam que a pessoa faz parte do corpo da Igreja que reza. Uma atitude que fosse diferente daquela que a assembleia é convidada a ter em um determinado momento indicaria que a pessoa estaria se colocando fora do corpo que reza. Por exemplo, para o momento do Evangelho se requer que as pessoas estejam em pé (a não ser que por motivo de alguma enfermidade ou pela idade isso não seja possível); uma pessoa que permanecesse sentada naquele momento estaria, ela mesma, se colocando fora da comunidade orante.

A seguir apresentamos as indicações para alguns gestos e seus momentos próprios durante a celebração:

1. Os fiéis estão de pé:
- desde o início do cântico de entrada, ou enquanto o sacerdote se encaminha para o altar, até à oração coleta (aquela que é feita antes da primeira leitura)
- durante o cântico do Aleluia que precede o Evangelho;
- durante a proclamação do Evangelho;
durante a profissão de fé (Credo) e a oração universal (preces);
e desde o convite “Orai, irmãos e irmãs para que o nosso sacrifício...”, até ao fim da Missa, exceto nos momentos adiante indicados.

2. Estão sentados:
durante as leituras que precedem o Evangelho e durante o salmo responsorial;
durante a homilia e durante a preparação dos dons ao ofertório;
e, se for oportuno, durante o silêncio sagrado depois da Comunhão.

3. Estão de joelhos:
durante a consagração, exceto se razões de saúde, a estreiteza do lugar, o grande número dos presentes ou outros motivos razoáveis a isso não permitirem.
- Aqueles, porém, que não estão de joelhos durante a consagração, fazem uma inclinação profunda enquanto o sacerdote genuflete após a consagração.

A Introdução Geral ao Missal Romano diz também que para se conseguir a uniformidade nos gestos e atitudes do corpo na celebração, os fiéis devem estar atentos às indicações que, no decurso da celebração, lhes forem dadas pelo diácono, por um ministro leigo ou pelo sacerdote, de acordo com o que está estabelecido nos livros litúrgicos. O que é dito anteriormente e que foi colocado em negrito significa que as indicações não podem ser segundo as inclinações ou desejo de quem está conduzindo; de modo que o fiel não deve se sentir obrigado a fazer algum gesto que não corresponda com as leis litúrgicas ou com a tradição do Rito Romano. Por exemplo, imaginemos que a indicação seja para que todos sentem no chão por alguns minutos e não nas bancas. Algo assim, mesmo se estou exagerando no exemplo, não pode obrigar o fiel. É preciso ter o cuidado para não impor ao povo de Deus atitudes e gestos que o exponha ao ridículo.

4. A genuflexão, que se faz dobrando o joelho direito até ao solo, significa adoração; é por isso reservada ao Santíssimo Sacramento e à santa Cruz (da solene adoração na ação litúrgica da Sexta-Feira da Paixão do Senhor, até ao início da Vigília pascal).

Na Missa, o sacerdote celebrante faz três genuflexões: após a elevação da hóstia, após a elevação do cálice e antes da Comunhão.

Mas, se o sacrário com o Santíssimo Sacramento estiver no presbitério, o sacerdote, o diácono e os outros ministros fazem genuflexão, quando chegam ao altar, ou quando se afastam dele, não, porém, durante a própria celebração da Missa. Poderá nos ajudar mais a seguinte informação: fora da Missa: o centro da Igreja é o sacrário; dentro da Missa, o centro torna-se o altar (símbolo de Cristo, onde Ele se fará presente sacramentalmente). Isso nos permite entender porque a reverência é feita ao altar durante a celebração. Fora da celebração, deve-se conservar a reverência para com o altar, evitando por exemplo, apoiar-se nele ou colocar objetos sobre ele como se fosse uma mesa qualquer (verificamos  muito isso quando há formaturas, casamentos etc...).

Todos os que passam diante do Santíssimo Sacramento fazem genuflexão, a não ser quando se vai em procissão litúrgica.

Os ministros que levam a cruz processional ou as velas, em vez de fazerem a genuflexão, fazem uma inclinação de cabeça.

Fora da celebração, quando o sacrário é aberto, convém fazer um gesto de reverência, seja com a genuflexão, seja com a inclinação da cabeça; tal atitude, como já dito, manifesta e alimenta a devoção.

Durante as orações da Missa, mesmo se este gesto não é exigido dos fiéis (mas somente do sacerdote), é salutar ter as mãos postas; pelos mesmos motivos já indicados.

5. A inclinação significa a reverência e a honra que se presta às próprias pessoas ou aos seus símbolos. As inclinações são de duas espécies: inclinação de cabeça e inclinação do corpo.

a) A inclinação de cabeça faz-se ao nomear as três Pessoas divinas conjuntamente, ao nome de Jesus, da Virgem Santa Maria e do Santo em cuja honra é celebrada a Missa. Esse gesto pode ser feito por todos os fiéis.

b) A inclinação do corpo, ou inclinação profunda, é feita:

- ao altar (pelo sacerdote e pelos ministros que o auxiliam); convém também que os fiéis que passam diante do altar, durante a Missa ou fora dela, o façam;
às orações “Purificai o meu coração e De coração humilhado” (somente pelo sacerdote);
no Símbolo de fé (Credo) ao serem pronunciadas as palavras “E encarnou pelo Espírito Santo”; (todos os presentes devem fazer este gesto);
no Cânon Romano às palavras “Humildemente Vos suplicamos” (somente o sacerdote).
Também o diácono faz inclinação profunda ao pedir a bênção, antes da proclamação do Evangelho.
Além disso, o sacerdote faz uma pequena inclinação enquanto diz as palavras do Senhor, na consagração.

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