sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Padre Responde - A Doação de Órgãos



Pergunta: Gostaria de saber a opinião da Igreja Católica sobre a doação de órgãos após a morte.


Caríssimo leitor,

A esta questão que você coloca, que considero de muita importância para que os cristãos saibam, o ENSINAMENTO da nossa Mãe, a Igreja, é o seguinte: o Catecismo da Igreja Católica no número 2296 diz: “A doação de órgãos após a morte é um ato nobre e meritório e deve ser encorajado como uma manifestação de generosa solidariedade. Mas não é moralmente aceitável se o doador ou os seus representantes lhe não tiverem dado o seu consentimento expresso”. Também no número 2301 se diz: “O dom gratuito de órgãos depois da morte é legítimo e até pode ser meritório”.

Para que os órgãos sejam retirados de um cadáver são colocadas estas condições éticas:

- Que uma equipe médica tenha realizado um diagnóstico certo de que houve realmente a morte.
- Que os restos mortais sejam tratados com o devido respeito.
- Que tenha havido o consentimento prévio do sujeito ou de seus representantes.

O Catecismo recomenda que os cristãos tenham a disponibilidade para doarem seus órgãos se assim for possível após a morte. Isso, portanto, deve ser algo que deve ser conhecido pelos seus familiares.


Sua pergunta nos sugere também de comentar sobre a doação de órgãos enquanto o doador está em vida (A questão dos transplantes de órgãos). Esta questão gera um benefício para o receptor e, ao mesmo tempo, um prejuízo para o doador. Alguns dizem que não seria correto gerar um dano a uma pessoa com a intenção de salvar ou melhorar as condições da vida de outra.

Esta questão nós interpretamos a partir do “princípio de solidariedade”. Daí, a Igreja ensina que aquele que possui uma boa saúde pode fazer-se solidário com alguém que se encontra enfermo; essa solidariedade pode chegar ao ponto em que a pessoa se disponibilize a dar uma parte de si mesma (de seu próprio corpo) para salvar ou melhorar a vida do outro.

Uma condição que se coloca é que esta atitude não deve provocar um dano sério para quem doa. Essa atitude deve ter o sentido unicamente de doação livre e gratuita, como expressão da virtude da caridade (não pode ter nenhuma outra motivação); jamais, por exemplo, pode ser por motivação comercial, ou seja, a pessoa não pode vender seus órgãos.

Sobre essa questão, o Catecismo no número 2296 ensina que a doação de órgãos “não é contrária à lei moral se os perigos e riscos físicos e psíquicos, em que o doador incorre, forem proporcionados ao bem que se procura em favor do destinatário”. Também se diz que “é moralmente inadmissível provocar diretamente a mutilação que leve à invalidez ou à morte dum ser humano, ainda que isso se faça para retardar a morte de outras pessoas”.

Que o Senhor lhe abençoe,
Pe. Cícero Lenisvaldo Miranda

Nenhum comentário: