sexta-feira, 20 de julho de 2012

Padre Responde - A Fé Católica

Pergunta do internauta: Padre, parabéns pelo portal. A respeito da fé, no documento que o Papa escreveu ele nos fala sobre a crise da fé, onde as pessoas estão perdendo o sentido do sagrado, não estão acreditando em nada mais porque é católico, depois é protestante, depois espírita e ainda quer convencer as outras pessoas a irem também pelo mesmo caminho. Como deve ser a minha posição diante dessas pessoas e quais palavras usar?

Caríssimo leitor, 

A fé que professamos é a fé dos Apóstolos, é a fé que a Igreja recebeu de Cristo por meio dos Apóstolos e que conservou íntegra nestes dois mil anos, propagou fielmente a todos os povos de todos os lugares e épocas, defendeu de muitos erros de interpretação e interpretou diante de novos contextos e, porém, conservando-se fiel ao ensinamento dos Apóstolos. Este é um dos aspectos que nos dá felicidade ao pertencer à Igreja Católica: sabemos que estamos na mesma fé que vem dos Apóstolos até hoje.

O Senhor mesmo nos garantiu: “Eu estou com vocês até o final dos tempos” (Mt 28, 20); perguntamos: a palavra de Jesus, sua promessa, pode falhar? Além do mais, Ele disse: “Enviarei o Espírito Santo, o qual vos conduzirá à verdade” (Jo 16,13); perguntamos: a ação do Espírito pode falhar? Esta é, portanto, a garantia de que a Igreja de Cristo jamais vai trair a vontade de seu Fundador, que permanecerá fiel a Ele até o final dos tempos sem fazer nenhuma mudança substancial. Esta garantia não se apoia nas capacidades daqueles que fazem a Igreja, mas na própria promessa de Cristo e na ação do Espírito Santo prometido.

Toda a Igreja, governada pelos sucessores dos Apóstolos (os Bispos espalhados pelo mundo enquanto sucessores dos Apóstolos e em comunhão de fé com o Papa), é guardiã da fé. Um dia a fé nos foi transmitida, nós devemos conservá-la e transmiti-la aos outros que virão depois de nós. Imaginemos uma vela que é acesa e que, por sua vez, passa a acender outras com a mesma chama; assim acontece com a fé que atravessou o tempo.

É verdade a constatação que você faz: a perda do sentido do sagrado. As pessoas estão muito voltadas para a terra, para o  material; trata-se de uma visão muito pobre da realidade, da vida, da história. Uma visão que não traz nenhuma esperança; pois, por mais que a pessoa possua materialmente ou tenha fama (essa é a proposta de felicidade do mundo), um dia tudo terminará. Não há futuro; tudo terminaria com um salto da vida para o nada. A vida seria como se a pessoa tivesse sido colocada em uma estação de trem, sabendo que a qualquer momento o trem iria passar, não se sabe o momento. São muitos os fatores que causaram esta situação constatada.

Há também, entre os cristãos, um esfriamento na vivência da fé; ao ponto de desembocarem no chamado relativismo no campo religioso que podemos ilustrar nas seguintes expressões: “Toda religião é válida”, “é o mesmo deus”... Existem ainda aqueles que perderam a noção do valor da religião, caíram, no chamado indiferentismo religioso. Procuram a religião quando sentem vontade e não importa qual essa seja.

A Sagrada Escritura diz que chegará um tempo em que as pessoas não suportariam mais a Verdade e iriam à procura de pregadores que diriam a elas o que gostariam de ouvir (2Tm 4,3).

A Igreja de Cristo não pode compartilhar com esta mentalidade do mundo. Ela deve ser fiel a Cristo, seu Senhor, mesmo que tenha que ficar com um pequeno grupo, porém fiel à vontade do Senhor. Se ela fosse atrás da opinião do mundo, das tendências da multidão, ela não seria a Igreja de Cristo, mas de qualquer fundador de seita como vemos não tão distante de nós.

Devemos trabalhar para levar a luz da fé aos que ainda não a conhecem e vivem na escuridão do mundo; devemos também reacender a chama da fé naqueles que parecem somente um pavio fumegando quando se trata da fé. Porém, a primeira coisa é buscar fazer com que a fé em nós mesmos seja viva. Não posso iluminar os outros se em mim não existe luz. Seremos convincentes se verdadeiramente tivermos uma fé viva.

Existem várias propostas no mundo em que vivemos, existem vários caminhos;  mas é preciso que tenhamos atenção. Recordo um conto africano que diz que quando uma pessoa está se afogando em um rio, ela tenta se agarrar em qualquer pedaço de maneira que apareça boiando na superfície. Acontece que nem sempre é um pedaço de madeira, pode ser que seja um crocodilo... acho que aqui eu não preciso mais explicar o que quero dizer sobre as diversas propostas que o mundo oferece.

Recomendo que o leitor procure aprofundar no conhecimento de sua fé, não podemos nos contentar com as informações elementares que recebemos no catecismo da primeira comunhão. Sugiro que tenham contato com o livro: “A Igreja do Deus vivo” de Frei Batistini, Editora Vozes. Recomendo também o próprio Catecismo da Igreja. Recomendo ainda que procure frequentar a catequese para adultos que a nossa paróquia oferece sempre às sextas-feiras (exceto na primeira do mês), após a  Missa das 19h, no Salão Paroquial da Matriz.

Aproveito ainda para repropor o texto que publicamos na ultima edição do Jornal do Sagrado; este texto responde à questão que você coloca quanto a estas pessoas que ficam convidando para ir a tais lugares não católicos:  

“TOMO SOMENTE UMA COLHERZINHA DE VENENO POR DIA, DOUTOR!”
Caríssimos leitores, vocês talvez até cheguem a estranhar o título deste artigo, porém, acredito que expressa bem o que quero propor como reflexão. Imaginemos bem esta cena: uma pessoa que diz a um médico que toma esta dose de veneno diariamente.

Possivelmente ela chegue a alegar que o que a faz consumir a substância mortal seja a caixa (embalagem) que envolve o frasco com o conteúdo. E por mais que o médico insista sobre o perigo do veneno, ela não se convence e continua consumindo tal substância mortal. Isso acontece quando um católico procura ter contato com material que não é da Igreja; às vezes livros, programas televisivos, programas radiofônicos...

Por mais atraente que seja a embalagem, o conteúdo é sempre venenoso. Não pensemos que um católico seja capaz, sozinho, de fazer um discernimento sobre os erros que são colocados por trás de uma roupagem em certos conteúdos religiosos não católicos. As consequências são danosas: enfraquecimento das convicções sobre a própria fé, vivência descomprometida da fé, falta de zelo pela fé, mentalidade relativista (achar que tudo é válido)... e nos casos mais graves: abandono da Igreja e, muitas vezes, o abandono até mesmo do interesse pela religião e pela verdade. Pense bem! Existem tantos bons livros sobre doutrina, tantos cursos de catequese para adultos (inclusive na nossa paróquia)... Não seria mais adequado para um católico que procurasse zelosamente ter contato com estes auxílios que a Igreja oferece?

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