Padre, essa passagens
que você citou no antigo testamento são tipificações de Cristo, e em Lucas não
há nenhum intercessor. Mas podemos interceder, nós que estamos VIVOS em oração.
A questão é fazer petições a mortos. No livro de Salmos cap. 115 nos diz: Os
mortos não louvam ao Senhor nem os que descem ao silêncio. Se um morto não pode
louvar a Deus muito menos poderá interceder. Jesus quando ensinou a oração
modelo, ele deixa bem claro que antes de fazermos qualquer petição, devemos
louvar a Deus. Exemplo: Pai nosso que estás nos céus santificado seja o seu
nome assim na terra como no céu. Note que há primeiramente a necessidade de
louvar a Deus. O Salmista nos diz que os mortos não louvam a Deus. Salmos cap.
6 versos 5 nos diz: Porque na morte não há lembrança de ti; no sepulcro quem te
louvará? Mais uma vez vemos que é impossível que uma pessoa que já partiu desta
vida para o além, mesmo nos séculos passados possa vir a rogar por mim ou por
você.
Caríssimo leitor que não quis se
identificar, pelo que entendi, você contesta a resposta que colocamos para a
questão sobre a INTERCESSÃO DOS SANTOS (Qual o papel dos santos?). É estranho
que você não tenha conseguido ver na atitude dos amigos do paralítico, no cap.
5 de Lucas, uma intercessão, mesmo com a expressão de Jesus se referindo à fé
deles. Quer dizer que se há uma pessoa fazendo uma conferência e alguém coloca
um copo de água diante dele, sem dizer nada, este conferencista não deve
entender como se ele estivesse sugerindo a ele de refrescar a garganta? Com um
pouquinho de esforço, a inteligência pode entender que o gesto dos amigos ao
colocarem o paralítico diante de Jesus indicava uma súplica para que o Senhor o
curasse; algo que se confirma com as palavras de Jesus depois. Mas, se você
acha que os textos que apresentei foram poucos, sugiro que verifique também
estes:
Jo 2, 1-12: Em Caná, Jesus atendeu a
intercessão de Maria em favor de uma família.
Mt 15, 21-28: O Senhor atende a
intercessão da Cananéia em favor de sua filha.
Lc 7,7: O Senhor atende a intercessão
em favor de um empregado do centurião romano.
Reflita um pouco, se no céu, o
centurião interceder em favor dos empregados, se a Cananéia interceder em favor
dos jovens, se a Mãe de Jesus interceder em favor das famílias, Jesus não
atenderá? Ele que atendeu intermediários na terra, não poderá também atender
intermediários no céu? OU SERÁ QUE QUEREMOS TER A PRETENSÃO DE DIZER AO SENHOR
O QUE ELE DEVE OU NÃO FAZER?
Em 1Tm 2,1-3, São Paulo diz: “É bom
rezar pelos outros e isto é agradável aos olhos de Deus”. Em Col 1,9, São Paulo
diz que “continuamente rezava pelos cristãos”. SOMOS NÓS AGORA QUE NOS SENTIMOS
NO DIREITO DE DIZER A PAULO QUE DO CÉU NÃO REZE MAIS PELOS CRISTÃOS E NÃO SE
INTERESSE POR ELES? QUE ELE VÁ CUIDAR DA VIDA DELE E NÃO SE PREOCUPE COM A
IGREJA?
Você alega, segundo seus conhecimentos,
que somente as pessoas que se encontram aqui na terra (você chama de “VIVOS”)
podem interceder pelos outros. Talvez um pouquinho mais de estudo sobre
escatologia pudesse ajudá-lo a desatar este nó que sua inteligência não está
conseguindo. Para ajudá-lo, recorde que os termos “vida, vivos” e “morte,
mortos” na Sagrada Escritura vão além do meramente biológico, são termos
teológicos. “Vida, vivo” quer dizer: “estar com Deus”; enquanto que “morte,
mortos” significa “estar distante de Deus”. Consequência disso é que os que
vivem em Deus, mesmo passando pela morte biológica, permanecerão na vida (Vivos
em Deus).
Devemos também recordar que a teologia
do AT passou por uma evolução e que houve um período em que não havia a noção
de retribuição para depois da morte; a retribuição pelo bem ou mal feitos se
dava aqui nesta terra. Depois da morte havia somente um lugar para todos, o
xeol. Somente num período tardio é que surge a esperança de uma retribuição
após a morte. O Salmo ao qual você se refere tem a ver com este período em que
não há a esperança de uma retribuição após a morte. Além do mais, seria ingênuo
ficar numa visão literal deste salmo e não relacioná-lo com Cristo, e,
portanto, com o Novo Testamento, onde aparece, à luz de Cristo ressuscitado,
uma teologia amadurecida sobre estas questões do Antigo Testamento.
Seguindo essa sua maneira literal de
interpretar o texto sagrado - sem levar em conta a teologia, o contexto da
época, sem relacionar com a Sagrada Escritura na sua totalidade, sem
principalmente relacionar a Cristo (centro da Sagrada Escritura, a partir do
qual tudo deve ser interpretado) – podemos dizer também que o Salmo 85, 8
possui uma mentalidade politeísta (coisa que não é verdade).
Verifique se na sua Bíblia há estas
passagens que parecem se referir ao céu, portanto após a morte:
1 Cor 13: “veremos face a face”
1Jo 3,2: “o veremos tal como Ele é”.
É errado dizer que os santos estão dormindo.
Recorde que o repouso dos santos é igual ao repouso de Deus, e o repouso de
Deus não é inconsciente.
Veja: Hb 4,10 – “E quem entrar nesse repouso
descansará das suas obras, assim como descansou Deus das suas”.
As almas dos santos estão bem acordadas,
servindo ao Cordeiro.
Veja:
Ap 7,15 – “Por isso, estão diante do trono de Deus e o servem, dia e noite, no
seu templo”.
Ap
7,10 – “e bradavam em alta voz: A salvação é obra de nosso Deus, que está
assentado no trono, e do Cordeiro”.
Nesse ponto, preciso dizer mais alguma
coisa?
Uma última questão: Recorde que um dos
artigos do símbolo da fé se refere à comunhão dos santos. É sobretudo neste
ponto que se insere a prática da intercessão dos santos.
Em I João 1, 1-10, encontramos o
seguinte:
“O que era desde o princípio, o que
ouvimos, o que vimos com os olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam
no tocante ao Verbo da vida a porque a vida se manifestou e nós vimos e
testemunhamos, anunciando-vos a vida eterna que estava com o Pai e nos foi manifestada
o que vimos e ouvimos, nós também vos anunciamos a fim de que também
vós vivais em comunhão conosco. Ora, nossa comunhão é com o Pai e seu Filho,
Jesus Cristo. Nós vos escrevemos estas coisas para nossa alegria ser
completa! Para viver na luz. A mensagem que dele ouvimos e vos anunciamos é
esta: Deus é luz, nele não há trevas. Se dizemos ter comunhão com ele mas
andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém,
andamos na luz, assim como ele está na luz, estamos em comunhão uns com os
outros e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se
dizemos que em nós não há pecado, enganamos a nós mesmos e a verdade não está
conosco. Se confessamos nossos pecados, fiel e justo é Deus para nos perdoar e
nos purificar de toda iniqüidade. Se dizemos que não pecamos, chamamos Deus de
mentiroso e sua palavra não está conosco.
O artigo de fé sobre a comunhão dos
Santos ensina-nos que na Igreja, pela íntima união que existe entre todos os
seus membros, são comuns os bens espirituais que lhe pertencem. A comunhão dos
Santos se estende também ao Céu e ao Purgatório, porque a caridade une os três
estados - triunfante, padecente e militante -; e os Santos rogam a Deus por nós
e pelas almas do Purgatório, e nós damos honra e glória aos Santos, e podemos
aliviar as almas do Purgatório, aplicando, em sufrágio delas, Missas, esmolas,
indulgências e outras boas obras.
Para terminar, suplico ao Senhor que
lhe ajude a ver sempre com mais clareza a verdade que você procura.
Pe. Cícero Lenisvaldo Miranda
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