Na liturgia deste domingo, notamos que a segunda vela da coroa do advento é acesa e nos convida ao desejo de conversão, arrependimento dos nossos pecados e também o compromisso de prepararmos, assim como São João Batista, o caminho do Senhor que virá. Esta vela lembra ainda a fé dos patriarcas e de São João Batista, que anuncia a salvação para todos os povos.
É
importante frisarmos neste domingo a pessoa de São João Batista que
junto ao profeta Isaías e a Virgem Maria completam os principais
personagens dentro da liturgia do advento.
Desde
a designação do nome do menino, "João", que significa "Yahvé é
favorável", tudo é concreta preparação divina do instrumento que o
Senhor elegeu.
O
papel do precursor é muito precioso: prepara os caminhos do Senhor (Is
40, 3), dá a seu povo o conhecimento da salvação. Todo o afã especulativo
e contemplativo de Israel é conhecer a salvação, as maravilhas do
desígnio de Deus sobre seu povo. O conhecimento dessa salvação provoca
nele a ação de graças, a benção, a proclamação dos benefícios de Deus,
que se expressa no Bendito seja o Senhor, Deus de Israel.
João
deverá, pois, anunciar um batismo no Espírito para remissão dos
pecados. Mas este batismo não terá apenas esse efeito. Será iluminação. A
misericordiosa ternura de Deus enviará o Messias que, segundo duas
passagens de Isaías (9, 1 e 42, 7), retomadas por Cristo (Jo 8, 12),
"iluminará os que jazem entre as trevas e sombra da morte" (Lc 1, 79).O
papel de João é "preparar o caminho do Senhor". Ele o sabe e designa a si
mesmo, referindo-se a Isaías (40, 3), como a voz que clama no deserto:
"Preparai o caminho do Senhor". Mais positivamente ainda, deverá mostrar
àquele que está no meio dos homens, mas que estes não o conhecem (Jo 1,
26) e a quem chama, quando o vê chegar: "Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo" (Jo 1, 29). João corresponde e quer corresponder ao que
foi dito e previsto sobre ele. Deve dar testemunho da presença do
Messias. O modo de chamá-lo indica o que o Messias representa para ele: é o
"Cordeiro de Deus”.
O sentido exato de seu papel, sua vontade de ocultamento,
fizeram do Batista uma figura sempre atual através dos séculos. Não se pode
falar dele sem falar de Cristo, e a Igreja não lembra nunca a vinda de Cristo
sem lembrar do Precursor. O Precursor não está unido apenas à vinda de Cristo,
mas também à sua obra, que anuncia a redenção do mundo e sua reconstrução até
a Parusia. Todos os anos a Igreja nos faz atual o testemunho de João e de sua
atitude frente à sua mensagem. Deste modo, João está sempre presente durante a
liturgia de Advento. Na realidade, seu exemplo deve permanecer constantemente
diante dos olhos da Igreja. A Igreja, e cada um de nós nela, tem com missão
preparar os caminhos do Senhor, anunciar a Boa Notícia. Mas recebê-la exige a
conversão. Entrar em contato com Cristo supõe o desprendimento de si mesmo. Sem
esta ascese, Cristo pode estar no meio de nós sem ser reconhecido (Jo l, 26).
Texto: Williams Manoel
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