quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Palavra de Vida - Novembro


"Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada." (Jo 14,23)

Jesus está dirigindo aos apóstolos suas solenes e veementes palavras de despedida, garantindo-lhes, entre outras coisas, que haveriam de vê-los novamente, porque Ele haveria de se manifestar aqueles que o amam. 
  
Judas Tadeu (não o Iscariotes) pergunta-lhe então porque Ele se manifestaria somente a eles e não ao público. O discípulo desejava uma grande manifestação externa de Jesus, pois essa poderia mudar a história e seria, na sua opinião, mais útil para a salvação do mundo. Com efeito, os apóstolos pensavam que Jesus fosse o profeta tão esperado dos últimos tempos que, ao manifestar-se, haveria de revelar-se diante de todos como o Rei de Israel e, assumindo a liderança do povo de Deus, instauraria definitivamente o reino do Senhor.

Jesus, porém, responde que a sua manifestação não se daria de modo espetacular e externo. Seria uma simples, extraordinária "vinda" da trindade ao coração do fiel, vinda que se realiza lá onde existe fé e amor. Com essa resposta, Jesus deixa claro de que modo Ele permanecerá presente no meio dos seus, depois da sua morte, e explica como será possível ter contato com Ele.

"Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada."
 
Portanto, a sua presença pode acontecer desde já nos cristãos e no meio da comunidade; não é necessário esperar o futuro. O templo que acolhe essa presença não é tanto um templo feito de paredes, mas o próprio coração do cristão, que se torna assim o novo sacrário, a morada vida da trindade.

Mas como o cristão pode chegar a isso? Como pode conter em si o próprio Deus? Qual o caminho para entrar nessa profunda comunhão com Ele?

O caminho é o amor para com Jesus.

Um amor que não é mero sentimentalismo, mas que se traduz em vida concreta e, exatamente, na observância da sua palavra. 

É a esse amor do cristão, comprovado pelos fatos, que Deus responde com seu amor: a Trindade vem morar nele.

"Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada."

"... guardará a minha palavra".

E quais são as palavras que o cristão é chamado a guardar?

No Evangelho de João, a expressão "as minhas palavras" muitas vezes é sinônimo de "os meus mandamentos". O cristão, portanto, é chamado a guardar os mandamentos de Jesus. No entanto, esses não devem ser entendidos propriamente como uma coletânea de leis. Mais que isso, é preciso vê-los todos sintetizados naquilo que Jesus ilustrou com o lava-pés: o mandamento do amor recíproco. Deus ordena que cada cristão ame o outro até a doação total de si mesmo, como Jesus ensinou e fez.

"Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada."

Então, como podemos viver bem esta palavra? Como chegar ao ponto em que o próprio Pai nos amará e a trindade virá habitar em nós?

Atuando como todo o nosso coração, com radicalismo e perseverança, justamente o amor recíproco entre nós.

É principalmente nesse amor que o cristão encontra também o caminho daquela profunda ascese cristã que o crucificado exige dele. Com efeito, é aí que ele pode corresponder ao chamado da sua própria santificação.
 
Chiara Lubich.

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