Entramos na segunda semana do mês das vocações. Este 2º domingo de agosto é dedicado à celebração da Vocação Familiar. Confira abaixo um texto que fala sobre a família, o matrimônio e o florescer da vocação dentro da família:
A família como geradora de vocações
Ao falarmos de Matrimónio, falamos de um sacramento, isto é, de um sinal revelador duma manifestação de Deus. É interessante pensar num aspecto singular do Matrimónio: quem recebe este sacramento é ao mesmo tempo seu ministro, ou seja, cada um dos noivos administra ao outro o sacramento, sendo o sacerdote ou diácono testemunha desse ato em nome da Igreja. Faz todo o sentido que assim seja, se pensarmos que pelo Matrimónio os esposos se reconhecem complementares e se assumem como testemunhas do amor de Deus, cada um para o outro e em casal para a comunidade.
O Matrimónio é também sinal do Deus Criador, fonte de toda a vida. A fecundidade conjugal, traduzida na geração de novas vidas – os filhos – é a mais evidente manifestação desse amor criador. Ser pais, de forma consciente e responsável, é colaborar na obra da Criação, é reconhecer-se como co-criadores e, ao mesmo tempo, como agraciados com um presente único por parte de Deus. Daí que não faça sequer sentido falar-se em sacramento do Matrimónio se houver da parte dos noivos vontade expressa de não ter filhos. Diferente é a situação daqueles casais que não podem ter filhos e que são igualmente fecundos, num amor generoso ao serviço da comunidade e (ou) através da adoção de uma ou mais crianças.
O Matrimônio é ainda sinal de que o amor de Deus é eterno. Deus é fiel, ama-nos sempre e em quaisquer circunstâncias, e por isso também o amor entre os esposos tem caráter permanente e exclusivo, supõe a indissolubilidade e a fidelidade. Com mais ou menos obstáculos, a vida do casal tem de ser imagem da caminhada de amor que é a relação de Deus com cada um dos Seus filhos. A vocação matrimonial é por natureza fecunda, geradora de novas vidas, e os cônjuges, ao assumirem a responsabilidade de serem pai e mãe, tornam-se colaboradores de Deus na obra da Criação. Esta responsabilidade não se esgota no momento da concepção ou do nascimento, é para toda a vida, ou seja, nunca deixamos de ser pais!
Ao aceitarmos o chamamento de Deus para sermos pais, aceitamos também ser educadores. Educar é, em primeiro lugar, conhecer bem os nossos filhos, perceber que eles são dom de Deus e que Deus deu a cada um talentos diferentes. Importa reconhecer esses talentos e pô-los a render! Educar é então acompanhar ativamente o desabrochar e o florescer dos talentos de cada filho, de forma que possamos um dia dizer: “Aqui tens, Senhor, o que me confiaste”! Isto é bem diferente de impor aos filhos as nossas opções, de forçar a que sejam o que nós mesmos ambicionámos mas não pudemos ou não conseguimos!
Educar não é fazer os filhos à nossa imagem e semelhança, é guiá-los para que sejam imagem e semelhança de Deus! Não é abrigá-los obsessivamente debaixo das nossas asas protetoras, é ensiná-los a voar em liberdade! Não é tanto mandar, é muito mais ouvir, compreender, testemunhar, orientar.
Sendo assim, importa que os pais proponham aos filhos todos os caminhos de realização vocacional: o sacerdócio, a consagração, o matrimónio ou outra vocação laical. Se a família é a primeira a excluir a possibilidade de um filho optar por uma vocação consagrada, terá de se interrogar muito a sério sobre a autenticidade da sua fé.
Onde os cristãos o são por hábito ou tradição e não por assumirem a sua vocação batismal, não é fácil que possam surgir vocações consagradas! Onde o prestígio social e a riqueza, o culto do sucesso e do imediato, são valores mais altos do que a doação desinteressada ou o espírito de missão e de entrega, não há espaço para a vocação sacerdotal. Se nas famílias não há lugar para a atenção ao outro, para a oração, para o primado de Deus, para ser “igreja doméstica”, como pode um filho sentir-se interpelado à consagração no sacerdócio ou na vida religiosa?
Na coerência de comportamentos e atitudes dos pais, no amor-doação que forem percebendo, no acolhimento que sentirem pelas opções conscientes que forem fazendo, os filhos vão sendo educados, vão tomando consciência da sua individualidade e do lugar único que Deus tem para eles.
Ser pais por vocação é guiar os filhos na descoberta e no amadurecimento da sua própria vocação!
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