terça-feira, 3 de julho de 2012

Padre Responde - O Divórcio

Pergunta: Padre, tem um senhor que vem sempre conversar comigo e em uma dessas conversas ele me contou o seu sofrimento com a separação. Ele é muito católico e não quer a separação, mas a sua esposa quer. Como devo aconselhá-lo nesta situação?
  
Caríssimo leitor,

Para responder seu questionamento é preciso diferenciar duas situações:

a) A SEPARAÇÃO – significa deixar de viver juntos, mas reconhecendo que o matrimônio, quando validamente celebrado, criou um vínculo entre eles que nada pode dissolver nesse mundo, exceto a morte. A separação não os deixa livres para uma nova união com outrem. Nessa situação, a pessoa separada não estará impedida para receber os sacramentos; mesmo se esta situação não seja a solução para os problemas matrimoniais.

b) O DIVÓRCIO – acontece quando, mesmo se o matrimônio foi válido, os cônjuges não o reconhecem e recorrem a uma autoridade humana para dissolver o vínculo existente. Muitas vezes, uma vez separados assim, estabelecem um relacionamento com outra pessoa. Essa situação vai criando um emaranhado de “relacionamentos” que produzem graves consequências: acaba gerando uma mentalidade folgada quando ao compromisso matrimonial entre os jovens, sobretudo, em outras palavras: o divórcio gera divórcios; uma outra consequência: as pessoas começam a evitar filhos, pois os veem como problema diante de uma possível separação; o divórcio gera filhos abandonados, visto que os pais, uma vez “solteiros” novamente, não querem se ocupar com o cuidado deles; aumenta o número de pessoas com desordens psíquicas, aumenta o número de suicídios; por último: cria uma situação de poligamia sucessiva. A poligamia simultânea acontece quando um possui várias mulheres (ou vice-versa), já a poligamia sucessiva acontece quando um possuirá várias a cada novo envolvimento depois de uma separação.


A situação de uma pessoa depois de uma separação ou divórcio traz muitas mudanças: um deles vai assumir a “plena” responsabilidade para com os filhos (educativa e econômica), tristeza pela ausência do cônjuge, perda da identidade como casal... Na maioria dos casos, a separação não acontece por acordo mútuo, por isso, a pessoa se sente vítima ou culpada pelo fracasso do matrimônio...  A pessoa separada se depara com emoções fortes: desespero, desilusão, vingança, sentimento de incapacidade...

Os filhos também não ficam sem consequências: facilmente se tornam “armas” ou objeto de “jogos” entre os pais, os quais os colocam em situações embaraçosas; é possível que alguém chegue a considerar o filho como “personificação” do outro cônjuge ausente. É terrível constatar, mas, às vezes, acontece que quem ficou com “o” ou “os” filhos (frequentemente a mãe) acabe “casando” com este, ou seja: acaba procurando compensar o vazio emotivo com uma exagerada relação afetiva (ISSO NÃO SEM CONSEQUÊNCIAS PARA O AMADURECIMENTO AFETIVO DO FILHO). Pode acontecer que o filho passe a ser visto como um peso. Acontece também que o filho passe a se sentir responsável pela separação. Podemos citar ainda que o que ficou separado e os filhos, muitas vezes, se tornam dependentes da família de origem (os avós).
As necessidades espirituais se concentram em três pontos: amor, perdão e sofrimento. Depois da separação a pessoa pode experimentar a rejeição e chegar a achar que não é digna de amor ou de saber amar. Aqui é preciso ajudar a redescobrir o PERMANENTE amor de Deus, o INCONDICIONAL amor de Deus, o qual nos faz capazes de amar a nós mesmos e, como consequência, os outros.

A outra necessidade é saber perdoar. Aqui também se deve fazer referência a Deus. Aceitar o perdão de Deus que ajuda a perdoar a si mesmo e, consequentemente, os outros.

Quanto ao sofrimento, este é parte inevitável da separação.

O Catecismo da Igreja, citando o Documento de João Paulo II sobre a família (Familiaris Consortio) diz: “Eles sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a frequentar o sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a dar sua contribuição às obras de caridade e às iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorar, dia-a-dia, a graça de Deus”.

Estas situações, infelizmente muito comuns nos dias de hoje, são consequência do egoísmo que faz cada conjugue colocar em primeiro lugar seus caprichos. Não se pensa nas consequências que surgirão.

Rezemos por nossas famílias!

A SOLUÇÃO ESTÁ NO ALTO, ESTÁ EM DEUS.

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