PERGUNTA - Depois de 22 (vinte e dois) anos afastado, voltei ao seio da Igreja Católica. De início, fiz o Sacramento da Reconciliação (confissão), fiz um exame de consciência, anotei todos os pecados de que eu tinha lembrança e expus ao bispo, por meio da confissão. A lista foi enorme, pois incluía diversos pecados mortais. Dias depois, casei-me no religioso, e estou participando das missas, comungando, estudando a bíblia e o catecismo da Igreja Católica. Ocorre, que em razão do tempo em que fiquei sem me confessar, vez ou outra me recordo de um ou outro pecado grave que deixei de confessar. O que fazer com relação a isso? Sempre que me lembrar de algum, devo procurar o Sacramento da Confissão e expor os antigos (então esquecidos) e novos pecados?
Caro leitor, fico muito feliz que você tenha redescoberto o caminho da Fé. Você fez a experiência daquele filho que ao se afastar da casa do Pai, percebeu que tinha perdido a dignidade. Depois de um exame de consciência, ele retorna, tinha a intenção de pedir para ser tratado como empregado, pois acreditava que não seria mais ser recebido como filho. Mas, a grande surpresa: ao retornar, descobre que o Pai não deixou de amá-lo, que o recebia de volta, não como empregado, mas como filho, que estava feliz pelo seu retorno.
Esse mesmo caminho foi feito por você. Suplico-lhe agora que faça o possível para não mais se afastar da casa do Pai. Os caminhos que não são de Deus, mais cedo ou mais tarde se tornam labirintos, a pessoa fica desorientada e sem sentido para a vida. Muitas vezes, o final desses caminhos são tragédias e com consequências irreparáveis. Pena que muitas pessoas somente percebem isso quando já e tarde demais.
Desejo que você possa experimentar o valor do sacramento da Reconciliação e retorne para ele quantas vezes isso for necessário. O Senhor, através do sacerdote, nunca nega o seu perdão para aqueles que realmente se encontram arrependidos.
A doutrina da Igreja diz que os pecados mortais sejam confessados tanto em espécie quanto em número; ou seja, quais foram e quantas vezes foram cometidos.
Antes da confissão se recomenda o exame de consciência (o site da nossa Paróquia colocou a disposição um texto para o exame de consciência). Depois, é necessário procurar o sacerdote e confessar os pecados; ali naquele momento se recebe a absolvição. Em seguida, o sacerdote dá sempre uma penitencia, a qual deve ser cumprida o quanto antes, e esta tem por finalidade reparar os danos pelos pecados cometidos. A pessoa que se encontra realmente arrependida compreenderá a necessidade de buscar o confessionário; essa atitude é inclusive sinal de humildade de quem se sente necessitado de perdão.
Às vezes acontece que, ao fazer o exame de consciência, as pessoas recordam dos pecados, mas no momento da confissão, seja porque ficam nervosas ou por outros motivos, elas acabam esquecendo de acusar todos os pecados que recordaram no exame de consciência. Nesse caso, os pecados que foram esquecidos na hora da confissão são também perdoados. Somente não são perdoados os pecados que a pessoa, por vergonha ou por outros motivos, ocultou e não acusou no confessionário. Ali a confissão não foi válida e houve um atentado contra o sacramento.
No caso que você relata na pergunta, eu recomendo que acuse tais pecados nas confissões posteriores. Isso vai servir também para que sua consciência fique tranqüila. Quando a gente vai ao médico, às vezes também recordamos de enfermidades que tivemos e que já foram curadas; pois bem, mesma regra usamos para as enfermidades espirituais.
Recomendo que retorne com freqüência ao confessionário. É verdade que a Igreja pede que seja pelo menos uma vez a cada ano, na Páscoa da ressurreição; porém, a confissão freqüente faz com que a pessoa renove seu propósito de seguir Cristo com coerência e receba do Senhor a força que precisa para perseverar no bem.
Há pessoas que procuram a confissão depois de ter cometido um pecado; eu recomendaria que procurasse no momento que se sente fraca e tentada, pois a confissão dá a força que ela precisa para não se afastar de Deus.
Somente aquele que recorre ao perdão de Deus, sabe o que é viver na amizade com o Senhor. É o próprio Senhor que diz, através da voz do sacerdote: "Teus pecados estão perdoados, podes ir em paz!"
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