sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Padre Responde: Creio na Comunhão dos Santos - Parte II

Já iniciamos uma explanação sobre a dúvida enviada através da seção “Pergunte ao Padre” do nosso Portal. Relembre a pergunta e a primeira parte da resposta em: http://www.portaldosagrado.com/2011/07/padre-responde-creio-na-comunhao-dos.html
Cabe a nós agora verificar o que a Sagrada Escritura fala sobre as imagens. Esta questão é a mais usada pelos protestantes para atacar o catolicismo. Já no VII século, o cristianismo teve que enfrentar esta questão com a crise chamada iconoclasta. Naquele período, o cristianismo já tinha dado uma resposta a esta questão que os protestantes ainda hoje levantam sobre as imagens.
O texto usado com mais freqüência é Ex 20, 4-5, que diz o seguinte: “Não farás para ti imagem esculpida de nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, nos céus, ou embaixo na terra, ou nas águas que estão debaixo da terra. Não te prostrarás diante desses e não os servirás...”. Como podemos verificar, aqui neste texto, Deus proíbe fazer imagens e de se prostrar diante delas; esta ordem de Deus é dada no momento em que Ele apresenta a Moisés os mandamentos. Situamos este episódio por volta do século XIII a.C., quando o povo de Deus tinha saído da escravidão do Egito e caminhava em direção à terra que Deus tinha lhe prometido. Os mandamentos, como sabemos, foram escritos em tábuas de pedra; estas foram guardadas, por ordem de Deus, em uma arca (um baú) que passou a ser chamada de “arca da aliança”. Cinco capítulos depois, portanto em Ex 25, 10-22, Deus diz a Moisés como deve ser essa arca que guardará as tábuas da lei. No versículo 18, Deus diz: “Farás dois querubins de ouro...”. Estas imagens de querubins devem ficar em cima da arca. Observe que aqui a ordem é de fazer duas imagens.
Aqui surgem algumas questões: É o mesmo Deus que tinha falado no capítulo 20? Então ele mudou de idéia? Ou se trata de um outro deus? É claro que é o único Deus que fala a Moisés. Mas, como compreender que Ele tenha em um momento proibido e no outro ordenado fazer imagens?
Para entender este problema, observemos que o povo do Antigo Testamento sempre viveu rodeado por povos pagãos, politeístas (acreditavam na existência de vários deuses e prestavam-lhes culto de adoração). É claro que havia sempre o perigo de que alguém do povo hebreu caísse na tentação de ter o mesmo comportamento que os pagãos.
Aqui, devemos entender que os ídolos são criados pelos homens e são representados de diversas formas; no passado: deus da guerra, deus da agricultura,... hoje poderia ser: time de futebol, partido político, astro da televisão ou da música etc. O culto dado a eles chamamos de idolatria; seria colocá-los no lugar que cabe somente a Deus. É isso que Deus proíbe aos hebreus; pois só existe um único Deus. Quando o povo entende essa questão de que somente a Deus devemos prestar um culto de adoração e a nenhum outro, então Deus não coloca nenhuma proibição no fato de fazermos representação dos anjos, dos santos e de Cristo.
Tomemos um outro texto: Nm 21, 4-9; trata-se do famoso texto da serpente de bronze. O povo do Antigo Testamento estava no deserto e começa a murmurar contra Deus. Surgem, então serpentes venenosas que começam a morder o povo, levando-o à morte. Eles recorrem a Moisés e este suplica a Deus uma solução. Então, no versículo 8, Deus ordena a Moisés de fazer uma serpente de bronze e colocá-la pendurada em uma estaca. Todo aquele que fosse mordido pelas serpentes venenosas e olhassem para a serpente de bronze, ficaria curado. Veja, aqui novamente Deus manda fazer uma imagem.
Parece que na Bíblia de algumas pessoas faltam estas páginas.
A tradição de fé da Igreja entende que neste episódio está um anúncio do mistério de Cristo. O pecado é um veneno que nos mata. Quando condenados à morte por causa do pecado, se nos voltamos para Cristo crucificado, alcançamos a salvação. O Senhor assumiu a desgraça que recairia sobre nós por causa dos nossos pecados, na cruz Ele se assemelha com o homem destruído (“se tornou maldição por nós”), e exatamente ali Ele alcança para nós a salvação, para todos aqueles que recorrem a Ele.
O culto que prestamos às imagens dos santos é de veneração e não de adoração. Adoração somente a Deus. O fato de ajoelhar-se diante das imagens não significa, absolutamente, adoração. Um filho que cometeu algo errado, ferindo o coração do pai, e que se ajoelha diante do pai para pedir perdão, o está adorando? Não. Na minha família, temos a tradição de, na sexta-feira da paixão do Senhor, pedir a bênção aos pais de joelhos, isso significa adoração? É claro que não.
Me admira o fato de que aquelas seitas que usam este argumento contra as imagens têm sempre, e dão muito valor, à “imagem” do fundador. Seria isso idolatria? E o que dizer do uso da pomba como referência ao Espírito Santo, seria isso uma imagem?
Para concluir, os Evangelhos dizem que Jesus Cristo é “a Imagem visível do Deus invisível”. Aqui está o maior argumento para legitimar o uso das imagens. A divindade vem até nós por meio da humanidade de Cristo. Por meio da sua humanidade contemplamos a face de Deus.
Tenha imagens em sua casa: o Crucifixo, a Virgem Maria, os santos. Nós precisamos de sinais que nos recordem sobre o valor da vida sobrenatural. Não eliminemos os sinais do sobrenatural, o mundo precisa lembrar que a vida eterna existe.
Pe. Cícero Lenisvaldo

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