quarta-feira, 20 de julho de 2011

Padre Responde - Creio na Comunhão dos Santos (parte I)

Como havíamos anunciado no lançamento do site, o nosso pároco, Pe. Cícero Lenisvaldo, está à disposição de todos os leitores para responder as dúvidas no que se refere à nossa fé, à igreja... Confira, abaixo, a resposta do padre para uma pergunta enviada, através do nosso site. E se você também quiser fazer sua pergunta, entre na seção "Pergunte ao Padre", no canto superior do site e preencha o formulário.

Pergunta enviada por Justino
Não recebi encaminhamento a nenhuma religião, até os 50 anos não tinha religião, fiz o ECC e recebi o novo testamento e, através de suas páginas senti o desejo de ser religioso, hoje católico, poderia protestante, mas o que sou é cristão e, catolicismo é a origem do cristianismo, não poderia ir pra outra fé.
Mas tenho uma dificuldade, ligar a imagem ao santo, o santo é alguém que por sua conduta a igreja o nomeou santo. Essa pessoa é uma criação de Deus, enquanto a imagem é apenas uma peça feita por uma pessoa, sendo assim apenas uma coisa. Não sei se o santo fica satisfeito em ser comparado com qualquer coisa que alguém fez.



PADRE RESPONDE:



Sr. Justino,
Antes de tudo, quero agradecer pela pergunta e parabenizá-lo por ser o primeiro a entrar em contato conosco através deste espaço. O Senhor entendeu bem o sentido deste serviço do nosso site, que é destinado a esclarecer dúvidas sobre questões de fé que as pessoas têm e que nunca tiveram oportunidade de conversar com algum sacerdote.

A resposta à questão colocada pelo Senhor deve ser entendida através daquele artigo de fé que aparece no Credo, que recitamos todos os domingos na Missa, após a homilia: “Creio na comunhão dos santos”. O que esta expressão significa? Repare bem, há uma só Igreja de Cristo, mas que se realiza em três estágios diferentes: céu, terra e purgatório. Falamos também de Igreja triunfante ou gloriosa (nossos irmãos que estão no céu), Igreja militante ou peregrina (nós que nos encontramos aqui na terra) e Igreja Padecente (nossos irmãos que se encontram na purificação das penas temporais dos pecados). Apesar de serem três estágios diferentes, mesmo assim é uma só Igreja e existe esta comunhão espiritual entre todos os membros. A Igreja é um Corpo, o Corpo de Cristo, no qual Ele é a cabeça. A Igreja é também uma família de irmãos, na qual todos nós possuímos, em Cristo, uma união, ou se preferir uma comunhão espiritual.
 
Os santos, ou seja, aqueles nossos irmãos que já alcançaram a vida eterna que buscamos, que já possuem a visão feliz de Deus face a face, são nossos irmãos, nossos amigos. Existe esta relação espiritual com eles. Mesmo já desfrutando da felicidade eterna no céu, eles não estão indiferentes à nossa condição de peregrinos.

Outro aspecto que nos ajuda a compreender a questão apresentada pelo Senhor tem a ver com a nossa experiência humana. Sabemos que por comparação (analogia) com a nossa experiência atual, podemos compreender as coisas eternas. Sendo assim, aqui na terra, quando sabemos que algum amigo nosso, a quem a gente muito estima, possui uma fotografia nossa na carteira, isso nos causa, certamente muita alegria e mais estima por esse amigo. Existirá ainda mais estima quando sabemos que na casa dele há uma fotografia nossa em um quadro na parede. Desse ponto, portanto, podemos entender o uso que nós costumamos fazer das imagens. O uso delas enaltece a figura que a imagem deseja retratar e, certamente, gera neles a estima, amizade e gratidão.

Admito que existem imagens que não retratam perfeitamente aqueles que elas representam. E aqui, as pessoas deveriam ser mais cuidadosas ao escolher bem as imagens que adquirem e, os artesãos mais zelosos.

Não podemos esquecer que as imagens - que podemos também dizer que são fotografias que nos ajudam a manter viva a recordação destes heróis da nossa fé e dos valores espirituais – são uma catequese em símbolos, em forma de arte. Tomemos, por exemplo, a imagem de São José, padroeiro de uma das comunidades da nossa paróquia: ele aparece sempre com o Menino Jesus, que está voltado para ele, indicando a função que exerceu na história da salvação (Pai adotivo do Filho de Deus) e que ele também está voltado para o Filho de Deus. Ele também traz um lírio nas mãos, indicando a virtude da pureza que conservou em sua vida. A imagem dele, além de nos recordar estes episódios da história da salvação, nos convida a recordar e imitar as virtudes por ele vividas.

É claro que a imagem não é a pessoa do santo – nenhum católico sensato cairia nessa mentalidade -, mas ela representa, tem a função de nos recordar e de nos colocar em relação com aquele que ela representa. É uma fotografia, afinal de contas, o homem é um ser simbólico.

Um outro ponto que merece ser tocado aqui é quanto ao que a Sagrada Escritura diz sobre esta questão. Porém, nesse ponto peço ao senhor e a todos os leitores que esperem mais um pouco que continuaremos esta questão em uma segunda parte da resposta.

Até breve!
Pe. Cícero Lenisvaldo Miranda

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